quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Entrevista com Pe Carlos Sala, Acessor da Música Litúrgica da CNBB

O nosso entrevistado é o padre José Carlos Sala, do clero da Diocese de Erexim, Rio Grande do Sul. Padre Sala é músico, compositor e desde janeiro de 2008 trabalha na assessoria de música litúrgica da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em Brasília. A Assessoria de Música Litúrgica é um setor da CNBB que faz parte da Comissão Episcopal para a Liturgia. Na Comissão de Liturgia são três setores: Setor de Pastoral Litúrgica; Setor de Arte Sacra e Espaço Litúrgico e Setor de Música Litúrgica.


Entrevistadora – Como está sendo realizado o trabalho como assessor de música da CNBB e quais realidades o senhor tem encontrado?

Padre Sala – É um desafio imenso trabalhar na CNBB em nível nacional. Se em nossas paróquias, em nossas dioceses nós percebemos tanta diversidade, tantos jeitos diferentes de compreender a vida, de compreender o mundo e de viver a própria fé, imagine em nível nacional. Nós vivemos em um país continental, multicultural. A diversidade cultural desse país creio que seja a maior riqueza, junto com o jeito de ser de todo o seu povo. Trabalhar na CNBB é um grande desafio, ao mesmo tempo a gente percebe a grandeza do compromisso que a gente tem de poder ajudar a Igreja do Brasil, as comunidades e especialmente os agentes de música litúrgica a exercerem o seu ministério, a sua missão coerentemente, de acordo com aquilo que pede a Igreja, mas também com os pés bem presos ao chão da nossa vida, da nossa realidade, a realidade do povo brasileiro, a realidade da nossa Igreja, das nossas comunidades. Ao mesmo tempo o trabalho da gente é uma grande graça; a oportunidade de conhecer esse país, a oportunidade de conhecer as culturas desse país, especialmente a oportunidade de conhecer melhor a nossa Igreja, santa e pecadora, a fim de amá-la sempre mais e por ela viver desempenhando a nossa função como missão, como alguém que se doa em prol do chamado de Jesus Cristo. E esse desafio, esse compromisso e ao mesmo tempo essa graça nos remetem a uma resposta sempre coerente ao chamado que Jesus Cristo todo dia faz a cada um de nós,"Vem e Segue-me" e não desista da caminhada.

Entrevistadora – Neste trabalho que o senhor tem feito como tem percebido a relação da juventude com a música (e música litúrgica em específico)?

Pe. Sala - Creio que há uma idéia bastante corrente por este país que o jovem não tem fé, que o jovem não crê. Pela experiência que a gente tem, conhecendo bastante a realidade, a Igreja deste país, eu poderia dizer com toda segurança que o jovem tem muita fé, quem sabe, crê e manifesta a fé de uma forma diferente dos adultos e queira ou não a nossa Igreja tem um jeito mais ou menos adulto de compreender e viver esta fé. Olhamos por exemplo a música litúrgica: alegra-nos muito nos últimos anos o surgimento de inúmeras bandas católicas pelo país, especialmente a gente anda pelas capitais e praticamente em todas paróquias há uma banda, com os mais diversos instrumentos que ajudam a animar a liturgia. Normalmente quem está nesta banda são os jovens com seu jeito às vezes contestado, mal interpretado, mas estão aí mostrando a sua cara e ao mesmo tempo desejando viver a sua fé. Por isso, creio que vivemos um momento de grande esperança, mas ao mesmo tempo um momento que necessitamos avaliar bem como está nossa caminhada formativa em todos os aspectos, setores, em todas as áreas pastorais. Também no trabalho com a juventude, na música litúrgica precisamos coerentemente sentar para avaliar a caminhada e buscar sempre espaços de formação. Quem está na vida de Igreja não nunca, jamais pode descuidar da formação, assim como São Paulo, devemos dar razões à nossa esperança, dar razões à nossa fé, dar razões à nossa vida litúrgica, à nossa música litúrgica.

Entrevistadora - O que vem sendo feito na área de música em função da Jornada Mundial da Juventude?

Pe. Sala – Certamente a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) vai ser (e já está sendo, pois já começou com a peregrinação da cruz) um evento significativo da caminhada da evangelização da juventude no Brasil. Em termos de música para a Jornada já foi gravado um cd que acompanha a peregrinação da cruz; o nome do cd é No Peito eu Levo uma Cruz. A respeito deste cd, um momento muito significativo foi um encontro com cerca de 100 cantores católicos que há muito tempo estão gravando (e em sua grande maioria jovens cantores católicos) nos reunimos na gravadora Paulinas para a regravação da música Nova Geração do padre Zezinho. Esta música está no cd e inclusive tem um clipe com os momentos da gravação.
Neste ano de 2012 será lançado um cd com a regravação de todos os hinos de todas JMJ’s acontecidas até aqui. No final de 2012, início de 2013 um cd de músicas totalmente inéditas ligadas à temática da Jornada Mundial da Juventude. É claro, além de todas as celebrações nas quais a música litúrgica estará muito inserida contribuindo para a evangelização da juventude.

Entrevistadora – É um momento propício para esta formação da juventude nesta questão de música litúrgica, não achas?

Pe. Sala – Sem dúvida nenhuma. O melhor momento de formação litúrgica é uma celebração bem participada, bem preparada, bem vivida, bem celebrada. Esse é o melhor momento de formação litúrgica. Evidentemente as celebrações da JMJ serão transmitidas pela grande mídia por todos os cantos deste país e aquilo que aparece na grande mídia normalmente soa como norma, modelo. A responsabilidade daqueles que conduzirão as celebrações da Jornada é muito grande, pois vai determinar de certa forma parâmetros de celebrações da juventude a partir da Jornada por todo esse país. Acaba, sem dúvida nenhuma, sendo um momento propício de formação litúrgica, de música litúrgica para a caminhada de evangelização da juventude.

OBS: grifos foram realizados pela equipe de comunicação do eai?tchê.

Entrevista concedida em janeiro de 2012, Agudos-SP.

Créditos: Michelle Girardi

Nenhum comentário:

Postar um comentário